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25/10/21 COBOL, Dinossauros, Westarctica, Tolerância, Parquinhos

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25/10/21 COBOL, Dinossauros, Westarctica, Tolerância, Parquinhos

COBOL na burocracia. Dinossauros e capitalismo. A micronação de Westarctica. A tolerância dos portos na Índia. Risco no parquinho.

Diogo G.R. Costa
Oct 25, 2021
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1. O custo da demora burocrática em um paper que compara a distribuição do seguro desemprego entre estados americanos com sistemas mais atuais e os estados que ainda usam COBOL.

Os atrasos causaram um declínio relativo de 4,4 pontos percentuais no consumo total do cartão nos estados COBOL em relação aos estados não COBOL. Fazendo uma conta com os dados de 2019, descobri que o PIB real diminuíra US$ 181 bilhões (em dólares de 2012).

https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3928948


2. Como os capitalistas criaram o fenômeno moderno dos dinossauros. A partir do século XIX, as fortunas empresariais americanas e as ciências naturais encontraram um arranjo mutuamente benéfico. Paleontólogos poderiam depender de uma fonte contínua e abundante de recursos para suas pesquisas enquanto grandes empresários ganhavam pontos de simpatia e legitimidade perante a opinião pública.

Além de estabelecer universidades, bibliotecas, sinfonias e galerias de arte, grandes capitalistas como Carnegie fundaram museus de história natural. A história natural tornava-se ao mesmo tempo um de lazer popular e um exercício devocional, o que fazia dela um meio especialmente eficaz para demonstrar generosidade entre um público amplo, respeitável e socialmente diverso. De todos os ramos da história natural, a paleontologia dos dinossauros oferecia um alvo particularmente atraente para o investimento filantrópico. Os dinossauros se prestaram à construção de exibições espetaculares que atraíram multidões de visitantes ao museu, o que foi crucial para cimentar o argumento de que o capitalismo industrial poderia produzir bens públicos genuínos para além dos lucros. Exposições de dinossauros ajudaram filantropos como Carnegie a afirmar que, enquanto o capitalismo industrial aumentava a riqueza na mão de poucos, ele também liberava poder para realizações verdadeiramente impressionantes.

Curiosamente, enquanto no séculos 19 e 20 os fósseis dos dinossauros mais famosos foram escavados no oeste americano, hoje os fósseis mais interessantes vêm do nordeste da China. (via Leandro Narloch)

https://nautil.us/issue/107/the-edge/how-tycoons-created-the-dinosaur


3. Entre as micronações que apareceram no século 20, a Westarctica, que se localizaria em território não reinvidicado no continente antártico, conseguiu ganhar pontos de simpatia e de legitimidade ao se tornar uma organização sem fins lucrativos.

Desde 2018, quando a Westarctica recebeu o status de isenção tributária como uma organização filantrópica, suas receitas aumentaram continuamente: por meio de doações, subsídios e arrecadação de fundos, ela arrecadou US$ 14.000 em 2018, US$ 16.500 em 2019 e um pouco mais de US$ 20.000 em 2020. (Como outros diretores e executivos da Westarctica, McHenry, que dirige seu próprio negócio de cartas de tarô e contribui com 5% dos lucros para a Westarctica, não é remunerado.) Hoje, Westarctica tem 2.300 cidadãos, 500 dos quais McHenry diz serem muito ativos - doando, juntando-se a campanhas públicas para interromper as operações de caça às baleias em oceanos protegidos, participando de iniciativas de envio de cartas para aumentar a conscientização sobre a mudança climática na Antártida, participando de comícios sobre mudança climática em nome da micronação. (Em 2018, a micronação foi parceira oficial do Movimento Popular do Clima para ajudar a organizar os protestos "Rise For Climate".) Em todo o mundo, do Brasil ao Japão à Ucrânia, a Westarctica tem 26 representantes diplomáticos internacionais com o propósito expresso de promover “a promoção econômica e as relações culturais entre a Westarctica e o país em que residem com o objetivo de fortalecer a imagem da Westarctica no exterior.” Afinal, é mais fácil criar relacionamentos, descobriu McHenry, com o espírito de cooperação do que com a mentalidade de conquistador.

Há lições aí para outras micronações e charter cities com diferentes propósitos.

https://www.afar.com/magazine/westarctica-antarctica-a-micronation-with-a-mission


4. Como os portos comerciais fomentaram a tolerância entre os povos na história do subcontinente indiano. Foram nas regiões portuárias que apareceram regras e crenças que viabilizaram o comércio, a confiança e a tolerância religiosa entre muçulmanos e hindus. Esse legado cultural perdurou para além das atividades econômicas. Mesmo com os incentivos econômicos para o comércio entre os povos locais tendo sido diminuído pelos avanços coloniais europeus, as instituições que favoreciam paz e tolerância entre hindus e muçulmanos persistiram.

Apesar de ser, em média, um pouco mais pobre e mais religiosamente misturado, descobri que os antigos portos medievais tinham cinco vezes menos distúrbios religiosos do que cidades semelhantes durante a era colonial e eram "oásis de paz", mesmo durante os tumultos generalizados em Gujarat, em 2002

Mesmo no século 21, a diferença de riqueza entre hindus e muçulmanos era menor nessas cidades portuárias do que em outros lugares. E, embora fossem mais religiosamente engajados, os muçulmanos nessas cidades também eram mais propensos a vacinar seus filhos contra a poliomielite. Essa era uma medida importante de confiança social.

https://www.publicbooks.org/tolerance-by-accident-trust-by-design/


5. Como os parquinhos infantis na Alemanha têm adicionado estruturas mais arriscadas para melhor desenvolver as habilidades psicomotoras das crianças. 

Um número crescente de educadores, fabricantes e planejadores urbanos argumenta que devemos parar de buscar a segurança absoluta e, em vez disso, criar microcosmos desafiadores que ensinam as crianças a navegar em situações difíceis, mesmo que a consequência seja um ou outro osso quebrado.

“Parquinhos são ilhas de movimento livre em um ambiente motor perigoso”, diz o professor Rolf Schwarz, da Karlsruhe University of Education, que assessora conselhos e designers de playgrounds. “Se queremos que as crianças estejam preparadas para o risco, precisamos permitir que elas entrem em contato com o risco.”

https://www.theguardian.com/world/2021/oct/24/why-germany-is-building-risk-into-its-playgrounds

Imagem Leah Gardner

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