22/10/21 Direita Pós-Liberal, Perguntas Idiotas, Novas Ideias, Macroeconomia de Games, Remoção de CO2
A direita iliberal da Hungria para o mundo. Sem medo de parecer idiota. A diferença entre ser inteligente e ter novas ideias. Inflação e deflação em games online. A maior remoção de CO2 da história.
1. O New York Times traz uma matéria ponderada - ainda que compreensivelmente desfavorável - sobre a direita iliberal (ou pós-liberal), o pensamento do governo Orban na Hungria e o renascimento da filosofia política católica.
Essas novas tendências e práticas abandonam o laissez-faire social em favor de usar o estado nacional na promoção do bem comum. A máquina pública torna-se o principal instrumento para se lutar as guerras culturais.
A matéria entrevistou alguns dos principais expoentes desse pós-liberalismo conservador, como Rod Dreher, Patrick Deneen e Ryszard Legutko.
A guinada em direção à democracia iliberal - um estado que rejeita o pluralismo em favor de um conjunto confinado de valores - parecia iminente para [Dreher]. “Eu percebo que estamos em um ponto agora onde temos tamanha desintegração cultural nos EUA que a escolha pode realmente ser entre uma democracia iliberal de esquerda ou uma democracia iliberal de direita”, Dreher me disse. “E se isso for verdade, então eu quero entender tão completamente quanto possível quais as implicações.”
Alguns membros do partido [republicano] argumentaram, como fazem há décadas, que todo governo é ruim. Em resposta, Julius Kerin, o editor de 35 anos da revista heterodoxa de direita American Affairs, rebateu com algumas estatísticas aproximadas: os conservadores compõem uma porcentagem mínima do Vale do Silício; sua influência está diminuindo no mundo corporativo; e eles estão quase ausentes da grande mídia, da academia e de Hollywood. Mas com quase metade do Congresso e possivelmente mais controle do governo no futuro, o poder cultural conservador viria do estado.
2. Motivos para não ter medo de parecer idiota. As pessoas têm medo de fazer perguntas que soem óbvias aos demais, mas fazer perguntas aparentemente idiotas é uma das maneiras mais eficientes de entender o mundo. Além de que existem níveis diferentes de obviedade e veracidade no caminho do aprendizado.
Não raro, há sempre um motivo que parece óbvio, mas na verdade é incorreto, de porquê algo é verdade, outro motivo um pouco menos óbvio de porquê esse algo é falso e, finalmente, um motivo sutil e complexo porquê esse mesmo algo é realmente verdade.
O benefício de fazer uma pergunta que pareça idiota pode ser pequeno na maioria dos casos específicos, mas o benefício acumulado ao longo do tempo é bastante grande. Eu percebo que as pessoas que estão dispostas a fazer perguntas idiotas e ter "pensamentos idiotas" acabam entendendo as coisas muito mais profundamente com o tempo. Por outro lado, quando vejo pessoas que têm um entendimento muito profundo dos tópicos, muitas costumam fazem perguntas aparentemente ingênuas e continuam a aplicar uma das técnicas que lhes deram um entendimento profundo inicialmente.
O prejuízo de parecer idiota se dá em situações em que o julgamento social importa mais do que o aprendizado, como em entrevistas de emprego.
https://danluu.com/look-stupid/
3. Ainda sobre inteligência e idiotice. Paul Graham escreve que a característica distintiva de Einstein não era ser meramente inteligente - tem muita gente muito inteligente na academia que não realiza grandes coisas - mas ter novas ideias. Há um lado positivo em fazer essa distinção entre ser inteligente e ter novas ideias. Apesar de querermos parecer inteligentes, é mais factível cultivar hábitos que nos levam a ter novas ideias.
Um dos ingredientes mais surpreendentes para termos novas idéias é a habilidade de escrever. Há uma classe de novas ideias que são descobertas ao escrever ensaios e livros. E esse "ao" é deliberado: você não pensa nas ideias primeiro e, em seguida, as escreve. Existe um tipo de pensamento que acontece pelo ato de escrever, e se você escreve mal, ou não gostar de escrever, vai ter dificuldade de operar esse tipo de pensamento.
http://paulgraham.com/smart.html
4. A macroeconomia dos RPGs online. O fenômeno da inflação costuma ocorrer nesses universos gamificados. Os jogadores ficam cada vez mais eficientes em ganhar dinheiro por meio de missões e exploração, o que eleva o nível de preço dos produtos do jogo, como armas e armaduras. Como restrições de oferta monetária são impopulares entre os jogadores, a resposta costuma ser criação de novos bens e produtos para se gastar o acúmulo excessivo de dinheiro, como casas e castelos. Agora, o jogo New World está sofrendo do problema oposto: deflação. (Via Magno Karl)
As maneiras de obter moedas no jogo, derrotando monstros, realizando resgates e missões, não oferecem moeda suficiente para contrabalançar o número de moedas sendo usadas. Como resultado, os preços dos bens têm caído, principalmente de materiais de artesanato como o minério - não necessariamente porque não haja moeda suficiente para comprá-los, mas porque o valor da moeda é muito mais alto do que o valor dos bens, dada a sua escassez relativa. Uma carga "tributária" excessiva existe como punição no jogo, onde o custo de fabricação, casas ou consertos excede a capacidade dos jogadores de acumular moedas. Além disso, as empresas são tributadas pela propriedade do território, essencialmente desincentivando o PvP, uma vez que os custos marginais excedem em muito qualquer benefício potencial.
https://blog.playerauctions.com/mmorpg/currency-crisis-in-new-world/
5. Essa empresa alega ter feito a maior remoção de CO2 da história do planeta. De acordo com o site, eles retiram o carbono que estaria na atmosfera a partir das plantas para injetar o gás nas profundezas da Terra.
https://charmindustrial.com/blog/largest-permanent-carbon-removal-delivery-of-all-time
Imagem Leah Gardner