19/05/21 Balaji, Consumidores, Monotonia, Estacionamentos, Progresso Humano
Uma newsletter que paga você. Como medir o bem-estar dos consumidores. Um clube para homens monótonos. O estacionamento obrigatório como uma tragédia. O futuro tecnoprogressista como uma escolha.
1. Balaji Srinanivan criou uma newsletter que paga seus leitores para realizar certas tarefas, como provar que você fez atividade física (U$10), resenhar um post do blog (U$100) ou criar um tutorial de finanças descentralizadas (U$1000). O foco da newsletter é a formação da comunidade tecnoprogressista, de “pessoas que gostam de criptomoedas, cidades startup, matemática, transumanismo, viagens espaciais, reversão do envelhecimento e ideias que parecem loucas, mas que são tecnologicamente viáveis.” Um dos temas promissores da newsletter é a criação de novas comunidades políticas, como começar um novo país: “O estado de rede é construído primeiro pela nuvem e só depois pela terra. Em vez de começar com o território físico, começamos com uma comunidade digital.” https://1729.com/a-newsletter-that-pays-you/
2. Uma tentativa de se criar um novo indicador macroeconômico. O Excedente Líquido do Consumidor Doméstico (ELCD) agrega, nas diversas categorias de consumo, a área delimitada abaixo da curva de demanda e acima da linha de preço. Funciona como um complemento ao PIB na medição de bem estar econômico. “O PIB per capita subestima fortemente os ganhos de bem-estar do consumidor nos estágios iniciais do desenvolvimento econômico e superestima os ganhos de bem-estar do consumidor em estágios posteriores do desenvolvimento econômico. Por exemplo, cada libra ou dólar produzido hoje não está gerando tanto bem-estar ao consumidor quanto há 90 anos.” O resultado para o Reino Unido aparece no gráfico abaixo. https://www.lse.ac.uk/granthaminstitute/roger-fouquet-research-in-progress/
3. O Dull Mens Club (DMC) é um ponto de encontro da monotonia, uma celebração do ordinário, “um lugar para homens monótonos e mulheres que gostam de estar com homens monótonos se sentirem em casa, confortáveis, livres da pressão de estar na moda. Evitamos brilho e glamour. Nós gostamos de uma emoção segura.” Os posts do blog incluem design de bancos de praça, padrões de envelopes e, meu favorito, arte de tampas de bueiros. “O DMC é um movimento? Não. Preferimos ficar parados.” https://www.dullmensclub.com/faqs-2/
4. Normas de zoneamento que exigem estacionamento obrigatório subordinam a densidade urbana às necessidades do automóvel. “O direito de acessar todos os edifícios de uma cidade por um automóvel particular ”, escreveu Lewis Mumford, “é na verdade o direito de destruir a cidade”. “Um comitê de zoneamento em Boston rejeitou recentemente um projeto habitacional para moradores de rua quando os moradores vizinhos disseram que havia poucas vagas.” Dos US $274 milhões para se construir o hall da filarmônica de Los Angeles, $100 milhões foram gastos na construção de um estacionamento subterrâneo. “Grandes partes de Nova York, Chicago, Boston e Filadélfia, se pegassem fogo amanhã, não poderiam ser reconstruídas, porque de acordo com o zoneamento moderno, seus prédios não têm estacionamento 'suficiente'.” https://www.theatlantic.com/ideas/archive/2021/05/parking-drives-housing-prices/618910/
5. Você não sabe o que é uma visão tecnoprogressista do futuro - e da estagnação em que nos encontramos - até ler esse texto. Eli Dourado trata das conquistas biológicas ao nosso alcance, do desenvolvimento de energia tão limpa e tão barata que sequer precisaremos medir seu gasto, da expansão humana para o cosmos. Se a produtividade humana tivesse seguido seu ritmo antes da grande estagnação dos anos 1970, o padrão de vida mundial seria 80% mais alto do que hoje. Mas passamos a nos preocupar menos com o progresso absoluto e “hoje gastamos mais energia mental e emocional com o status relativo”. Antes da mídia de massa e das redes sociais, as pessoas competiam em status com os seus vizinhos. Enquanto hoje, na turbinada guerra cultural global “Resta pouco espaço para discutir como podemos impulsionar o crescimento econômico, pois cada mudança possível é avaliada primeiro em termos de quem ganha e perde numa competição de status de soma zero, não nos prováveis efeitos materiais de uma política... A estagnação, enfim, é uma escolha." https://www.city-journal.org/innovation-economic-growth
Imagem Sari Shryack