10/06/21 Horas públicas, Criptofilosofias, Houellebecq, Passes de Bola, Penn Station

Como os governos dizem que horas são. As divergências filosóficas entre o mundo Bitcoin e o mundo Ethereum. As dúvidas e ansiedades de Houellebecq sobre França e modernidade. Passes de futebol visualizados. Como a Penn Station tipifica as incapacidades da participação democrática moderna.

1. Quando os governos dizem as horas, quanto mais arbitrário for o governo, mais arbitrárias serão as horas. Quando o Japão invadiu a Malásia em 1942, os relógios da Malásia foram redefinidos para o horário de Tóquio. Em 1880, a Grã-Bretanha criou um fuso horário para a Irlanda, 25 minutos atrás do GMT - depois o aboliu na páscoa de 1916. Mao Zedong colocou toda a China no horário de Pequim. Hugo Chávez atrasou os relógios da Venezuela em 30 minutos em 2007. Kim Jong-Un fez o mesmo para a Coreia do Norte em 2015, depois voltou atrás por conta própria em 2018. A Rússia tem onze fusos horários - mas apenas um para o sistema ferroviário. https://www.laphamsquarterly.org/roundtable/time-lords

2. As visões de mundo por trás das duas principais tecnologias cripto têm uma semelhança com as divisões históricas no movimento libertário. Bitcoin lembra os paleolibertários enquanto Ethereum evoca os libertários progressistas. "Os Bitcoiners tendem a valorizar muito o pensamento antagonista. Não confie em ninguém. Você comprou seu Bitcoin em uma exchange? Tire-o lá imediatamente. Coloque seu BTC em uma carteira privada para que você não tenha nenhum risco de contraparte. Execute seu próprio node para que você possa monitorar a rede diretamente ... Ethereanos são diferentes. Seu fundador ainda está vivo e é altamente influente. Vitalik Buterin foi fotografado várias vezes vestindo camisetas com gatinhos estampados. Em vez de comer carne, ele come muito coco, chocolate amargo, nozes e abacate. Após o tweet sobre Bitcoiners serem contra o mundo, alguns Ethereanos responderam dizendo que sua missão é ser a favor o mundo." https://www.bloomberg.com/news/articles/2021-06-07/bitcoin-btc-vs-ethereum-eth-and-defi-there-s-a-big-difference

3. Michel Houellebecq sobre o suicídio civilizatório da França, ou melhor, da modernidade - a Ásia também está no rolo desse progresso auto-destrutivo. Apesar de que os asiáticos optam pelo suicídio simplificado ao recusar imigração de todos os tipos. "É preciso duas partes para fazer uma guerra. Os franceses vão pegar em armas para defender sua religião? Há muito tempo que não possuem religião; e, de qualquer maneira, sua antiga religião é do tipo em que você oferece sua garganta para a lâmina do açougueiro." https://unherd.com/2021/06/the-narcissistic-fall-of-france/

4. Visualização de passes de bola feitos em partidas de futebol das principais competições. Mexa o mouse para escolher o ponto de partida e destino do passe. Veja a chuva de trajetórias. As cores representam as distâncias. https://observablehq.com/@karimdouieb/all-the-passes

5. Como as democracias modernas são incapazes de consertar o antigo e construir o novo. O caso da Penn Station é emblemático. Ao longo do texto, o autor demonstra competência e paciência em analisar o caso com riqueza e insight. Não é difícil extrapolar as lições para o que acontece diariamente em um país como o nosso. “As reformas destinadas a fatiar o poder de Robert Moses e espalhá-lo entre os interesses locais, estaduais, públicos e privados deram a toda uma gama de partes - Dolan, Amtrak, os dois Steves, parlamentares, proprietários, preservacionistas, ambientalistas, ativistas de bairro - a capacidade de impedir obras e obstruir grandes projetos cívicos que aparentemente todos desejam. E mesmo que poucos tenham a capacidade explícita de acabar com um projeto de uma só vez, todos têm o poder de atrasá-lo, às vezes indefinidamente, até que seus patrocinadores desistam.” https://www.politico.com/news/magazine/2019/11/29/penn-station-robert-caro-073564

Imagem Wayne Thiebaud